DJ de Ônibus

Poucas coisas me incomodam mais que um DJ de ônibus.
Vamos à definição:
DJ de Ônibus (sm) - Sujeito que considera seu interesse musical tão superior ao dos outros, a ponto de escutar seus hits favoritos em volume máximo dentro de um transporte coletivo. A despeito do que podem pensar os outros, o DJ de Ônibus é obstinado em fazer prevalecer sua preferência musical. Psicólogos afirmam que essas pessoas sofrem de uma doença conhecida como Falta de Bom Senso, e são marcados por um senso negativo de compartilhamento (aquele que não inclui a consideração pelos interesses alheios).
(Extraído de: Enciclopédia das Coisas que Deveriam ser Extintas - Seção 4: Males da Sociedade)

Esses DJs estão se multiplicando vertiginosamente. Quando entram nos ônibus (aos quais consideram seus veículos particulares), geralmente já estão com o som do celular ligado nas alturas. Às vezes, eles conseguem agradar uma meia dúzia de usuários do transporte coletivo, porém, mesmo quando todos manifestam insatisfação, esses DJs são incapazes de apertar o botão STOP. Essa opção não existe. Creio que, na verdade, eles desconheçam essa palavra.

Em entrevista a este blog, um fabricante de celulares, que preferiu não se identificar, deu o seguinte depoimento:
Por um tempo, a indústria de telefones móveis se arrependeu muito de haver colocado alto-falante nos celulares. Depois, refletindo melhor, chegamos à conclusão que não seria necessário banir essa função, já que existem pessoas capazes de usar de bom senso e ouvir suas músicas em lugares fechados, ou onde todos concordem em escutar o mesmo. Uma das medidas que estamos tentando tomar é distribuir fones de ouvido em praças, ruas, e, principalmente, veículos de transporte coletivo.

Seria realmente um alívio se os DJs de ônibus aderissem a esse recurso.
Ainda sobre o assunto, um motorista comentou:

É perturbador, é terrível! Outro dia, a música estava tão alta e irritante, que por um momento me desconcentrei da direção e dei uma freada brusca. Vários passageiros se machucaram. Semana passada, uma mulher teve uma crise de pânico. Estávamos em um engarrafamento enorme, e o cidadão passou nada menos que 2 horas escutando música da mais baixa qualidade. A pobre passageira não aguentou! Teve um surto mesmo! Isso é um absurdo...
Geralmente, os DJs de Ônibus não se dirigem a outros passageiros. E há um tipo pior ainda: os que fazem show ao vivo, resolvendo não só ouvir música, mas também cantar. Todos os que foram abordados por nossa equipe se recusaram a dar entrevistas.

Se esses sujeitos continuarem se multiplicando, e não tomarmos medidas contra isso (como proibir o uso de aparelhos de som em volume alto em lugares públicos), o jeito vai ser todo mundo sair por aí de protetor de ouvido...

 

Decodificação



porque o Google te entende.

Acho que isso é uma das coisas que fazem as pessoas não conseguirem se separar da paixão internética: aqui a gente não precisa de nenhuma adequação. A internet é uma grande decodificadora de todo mundo e de todos os mundos.

Depois de sete meses, resolvi ressuscitar este blog com esse papo reflexivo demais.
Mas é assustadoramente relevante (ou banalmente ignorável?) a vastidão de possibilidades da rede. Por isso eu resolvi voltar.

Está dada

a largada.

Nem todo mundo merece passar despercebido, nem todo mundo merece uma linha de jornal.
Nem tudo tem que ser contado, nem tudo tem que ser escondido.
Meu blog é sobre o tudo que me interessa - quase tudo.
Meu blog é sobre a gente que me cerca - quase todos.

Não é de todo mundo nem de todas as coisas.
Não é de tudo um muito ou de muito um pouco.
É um pedaço de tudo,
Nem tudo nem todos.